‘Telefone sem fio’: estagiária falou demais para irmã advogada e ajudou PCC em MS
Estagiária contou sobre operação para a irmã advogada, que alertou o irmão

A Polícia Civil de Mato Grosso do Sul deflagrou na manhã desta terça-feira (14) a ‘Operação Argos Panoptes’, em Naviraí, a 359 quilômetros de Campo Grande, para investigar o vazamento de informações sigilosas que teriam atrapalhado ações contra a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). A ação foi no dia 7 de outubro.
Uma estagiária da Vara Criminal da cidade foi alvo da ação, após a descoberta de que havia vazado informações. Três mandados de busca e apreensão foram cumpridos. Tudo começou durante a ‘Operação Adsumus’, na Fase 2, que tinha o objetivo de prender integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital) e combater o tráfico de drogas na região.
Ao analisar o celular de um dos investigados presos no dia da operação, a polícia descobriu um grupo de mensagens em que membros e simpatizantes da facção comentavam detalhes da ação antes mesmo de acontecer. Ou seja, alguém havia repassado informações sigilosas sobre data, alvos e até o uso de um helicóptero.
A investigação apontou que o vazamento teria começado dentro do Judiciário. Segundo a Polícia Civil, uma estagiária da Vara Criminal de Naviraí teria visto documentos internos sobre a operação e contado a novidade para a irmã, que é advogada. Essa advogada, então, teria passado a informação para o irmão, que já é conhecido da polícia por envolvimento com o tráfico de drogas e por simpatizar com o PCC. Foi esse terceiro suspeito quem divulgou os detalhes em grupos de mensagens.
O vazamento prejudicou o trabalho policial. Isso porque alguns alvos fugiram antes de as equipes chegarem e outros tiveram tempo de apagar provas de seus celulares. Ainda assim, quatro pessoas foram presas por tráfico de drogas durante a Operação Adsumus. Agora, os três suspeitos de terem espalhado as informações sigilosas estão sendo investigados por favorecimento à organização criminosa. Eles podem responder com base na Lei 12.850/2013.
O nome da operação — Argos Panoptes — faz referência a uma figura da mitologia grega, um gigante com muitos olhos que simboliza vigilância constante. Segundo a Polícia Civil, o nome foi escolhido porque a investigação exige atenção redobrada para descobrir quem está vazando informações que prejudicam o combate ao crime organizado na região.
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