Planejamento e execução cruel: delegado descarta 'surto psicótico' de jovem que matou esposa e filha
- revgiro
- há 2 dias
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A Polícia Civil de Mato Grosso do Sul não tem dúvidas de que o assassinato da jovem Vanessa Eugênia Medeiros, de 23 anos, e da bebê Sophie, de 10 meses, em Campo Grande, foi um crime premeditado.
O autor Augusto Borges, 21 anos, companheiro da vítima e pai da criança, confessou que matou as duas para evitar o pagamento de pensão alimentícia. Segundo o delegado Rodolfo Daltro, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), a hipótese de surto psicótico está descartada: o crime foi planejado, executado com frieza e seguido da tentativa de ocultação dos corpos por meio de carbonização.
“Ele foi enfático ao dizer que não se arrepende e que se livrou de um problema. Esse problema, segundo ele, era a separação, não por sentimento, mas por causa da pensão”, explicou Daltro. O delegado destacou ainda que o assassino dormiu normalmente após cometer o duplo feminicídio e trabalhar o dia inteiro como se nada tivesse acontecido.
A investigação começou na noite de segunda-feira (27), quando os corpos carbonizados da mulher e do bebê foram encontrados em uma área isolada na região do Jardim Noroeste. Peritos constataram fraturas nos pescoços das vítimas, indicando morte por esganadura antes de serem incendiadas.
Câmeras de segurança próximas ao local registraram um veículo Gol passando de forma suspeita — em uma região com pouco movimento. A partir dessas imagens, os investigadores rastrearam o trajeto até um imóvel em outro bairro da cidade.Na manhã seguinte, a perícia papiloscópica identificou a mulher por meio das digitais.
A polícia então descobriu que ela vivia com um homem que, além de ser o pai da criança, era também o proprietário do Gol usado no transporte dos corpos.
Ainda na manhã de terça-feira, os policiais foram informados de que o homem havia ido até uma delegacia registrar o desaparecimento da companheira e da filha. Ele foi abordado e, após ser confrontado com as evidências, confessou o crime.
Crime Premeditado
No depoimento, o autor revelou que, por volta das 16h de segunda-feira, durante o horário de almoço, atraiu a companheira para o quarto sob o pretexto de conversar sobre o relacionamento. Ela carregava o bebê no colo. Após colocá-la na cama e dar brinquedos à criança, ele a esganou pelas costas com um mata-leão. Em seguida, matou a filha da mesma forma, esganando-a.
Sem demonstrar arrependimento, voltou ao trabalho e, mais tarde, passou em um posto de combustíveis, onde comprou gasolina. À noite, embalou os corpos em cobertores, colocou-os no porta-malas do carro e os levou até a região onde ateou fogo.
A forma como ele agiu após os assassinatos — trabalhando normalmente, tentando registrar o desaparecimento das vítimas e dormindo tranquilamente — reforça, segundo a polícia, o grau de frieza e planejamento envolvidos.
“O mais chocante é a frieza com que ele agiu”, relatou Daltro. Durante o interrogatório, o suspeito disse não estar arrependido, afirmando que havia se "livrado de um problema". O delegado explicou que, para o autor, o problema era a separação iminente, não por motivos afetivos, mas pela perspectiva de pagar pensão alimentícia.
“Ele foi muito claro ao dizer que não queria se separar porque não queria pagar pensão. Dormiu normalmente na noite seguinte ao crime, como se nada tivesse acontecido”, disse o delegado.
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