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O vaivém sobre renúncia do papa Francisco

Quadro clínico complexo, com infecção polimicrobiana, deve aumentar especulações sobre tornar-se "bispo emérito de Roma"

Papa Francisco. Divulgação
Papa Francisco. Divulgação

O "quadro clínico complexo" do papa Francisco (foto) deve aumentar as especulações sobre uma possível renúncia nos próximos dias.

Nesta segunda, 17, o Vaticano divulgou uma nota afirmando que o papa está com uma infecção polimicrobiana do trato respiratório.

"Todos os exames realizados até o momento são indicativos de um quadro clínico complexo, que exigirá hospitalização adequada", afirma a nota.

O pontífice foi hospitalizado com bronquite no dia 14 de fevereiro, no Hospital Gemelli, de Roma.

Ele já tinha sido diagnosticado com esse problema — uma inflamação nos pulmões — ainda no ano passado.

Francisco está com 88 anos.

Limitações

O pontífice parece ficar mais incomodado com as limitações que o impedem de exercer o seu pontificado. 

Entre as limitações mais importantes estão as motoras, que já o obrigaram a cancelar viagens.

Ele tem usado cadeira de rodas, andador e bengala.

Sente dores no quadril, nas costas e no joelho.

No ano passado, o pontífice passou por uma cirurgia na região abdominal para tratar uma hérnia. Foi a terceira cirurgia em quatro anos.

Em 2019, ele foi submetido a uma operação de catarata.

Em julho de 2021, Francisco passou por cirurgia no cólon por causa de uma inflamação.  Ficou dez dias internado.

Entre março e abril de 2023, passou por uma internação de quatro dias para tratar complicações de uma pneumonia.

Quedas têm se tornado frequentes. Em janeiro deste ano, o papa caiu e teve de colocar uma tipoia no braço direito.

Outra limitação importante é a que o impede de falar por longos minutos, de dar homilias.

Na sexta, 12 de fevereiro, ele sentiu falta de ar durante uma pregação e passou a tarefa para um assessor: "Agora, se me permitem, vou pedir ao sacerdote para continuar a leitura porque, com a minha bronquite, eu ainda não posso. Espero que na próxima vez eu consiga fazê-lo". 

Bento XVI

Com problemas de saúde se acumulando, o papa tem pensado em voz alta sobre renunciar.

Essa possibilidade foi aberta em 2013, quando seu antecessor, Bento XVI, mudou as regras do conclave para a escolha do papa, permitindo que essa reunião para escolher o próximo pontífice seja antecipada.

Logo em seguida, Bento XVI renunciou. Foi o primeiro papa a tomar essa decisão em 600 anos.  Com isso, Bento XVI passou a ser conhecido como o "papa emérito".

Vaivém sobre renúncia

Em 2022, o papa Francisco afirmou, em entrevista dada ao jornal espanhol ABC, que tem uma carta de renúncia pronta e assinada desde o início do seu papado. O texto teria sido entregue ao então secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcísio Bertone.

"Eu já assinei a minha renúncia. Foi quando Tarcisio Bertone era secretário de Estado. Assinei a renúncia e lhe disse: 'Em caso de impedimento médico ou o que quer que seja, aqui está a minha renúncia. O senhor a tem'. Não sei a quem Bertone deu, mas eu dei a ele quando ele era secretário de Estado", disse o papa.

Os dois jornalistas então perguntaram se o papa queria que esse fato fosse divulgado.

O papa então lembrou que outros pontífices também escreveram cartas de renúncia, para serem usadas em caso de impedimento, como Paulo VI e "provavelmente" Pio XII.

Bispo emérito

Ainda em 2022, o papa disse que poderia tomar a iniciativa de deixar o posto, se alguém o advertissse de que chegou o momento.

"Se vejo que não posso (continuar) ou faço mal ou sou um estorvo, espero 'ajuda' para tomar a decisão de me afastar", afirmou em entrevista.

Segundo Francisco, ele preferiria ser chamado "apenas como bispo emérito de Roma" e não "papa emérito", como ocorreu com Bento XVI.

Possibilidade aberta ou hipótese distante

Em janeiro de 2024, ele falou que a renúncia era uma "possibilidade aberta".

Não é um pensamento, nem uma preocupação, nem um desejo, mas uma possibilidade aberta a todos os papas. Mas neste momento não está no centro dos meus pensamentos. Enquanto eu tiver vontade de servir, continuarei”, afirmou o papa Francisco, em conversa com um jornalista.

No mesmo ano foi publicada sua autobiografia Vida, em que Francisco diz que essa é uma "hipótese distante".

Esta é uma hipótese distante, porque não tenho razões suficientemente sérias para me fazer pensar em desistir”, afirma ele na obra.


Fonte Revista Crusoé

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